O Ministério da Saúde vai substituir gradualmente a Vacina Oral Poliomielite (VOP) pela versão inativada (VIP) do imunizante a partir de 2024. A recomendação foi debatida e aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) que considerou as novas evidências científicas para proteção contra a doença. É importante reforçar que essa atualização não representa o fim imediato do imunizante na versão popularmente conhecida como "gotinha" e sim um avanço tecnológico para maior eficácia do esquema vacinal que será feito após um período de transição. O Zé Gotinha, símbolo histórico da importância da vacinação no Brasil, também vai continuar na missão de sensibilizar as crianças, os pais e responsáveis em todo Brasil, participando das ações de imunização e campanhas do Governo Federal.
A nova recomendação foi apresentada, na última sexta-feira (7), durante live da ministra da Saúde, Nísia Trindade, com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). O objetivo da reunião com representantes da instituição em todas as regiões do Brasil foi expor as ações do Ministério da Saúde pela retomada das altas coberturas vacinais, principalmente entre as crianças, e debater a importância da adesão dos profissionais de saúde e médicos ao Movimento Nacional pela Vacinação.
Nísia, em sua fala de abertura, ressaltou como é fundamental a parceria do Ministério da Saúde com as sociedades científicas. “Não foi assim nos últimos anos, mas queremos retomar a ciência e estamos trabalhando nesse sentido. A retomada das altas coberturas vacinais é uma prioridade do Governo Federal. Esse é um movimento, não uma campanha isolada, justamente pela ideia de continuidade e pelo constante monitoramento de resultados. Esse trabalho não se restringe ao Ministério da Saúde, por isso estamos indo aonde estão os movimentos da sociedade”, afirmou.
O presidente da SBP, Clóvis Francisco Constantino, e o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI) do Ministério da Saúde, Eder Gatti, também participaram da conversa. Eder sustentou que o PNI foi o grande responsável por mudar o perfil epidemiológico das doenças no Brasil, principalmente em pediatria.
“Ainda assim, a gente vive um cenário preocupante nas coberturas vacinais, com risco de reintrodução de doenças. Antes o PNI era parte de uma coordenação, mas agora é um departamento completo, o que dá mais dinamismo na gestão do programa e a possibilidade de ferramentas adequadas para o registro dos estados e municípios. Nossas ações estão voltadas para atacar as causas da queda da cobertura vacinal, como a falta de padronização dos sistemas de dados, que agora está sendo feita, para uma oferta de relatórios com qualidade e precisão de informações”, detalhou Eder.
O diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações também explicou algumas das ações da pasta. “Vamos oferecer aos municípios um planejamento diferenciado, onde a imunização sai da unidade de saúde e vai até a pessoa que precisa ser vacinada. Também haverá transferência de recursos para estados e municípios, um recurso excepcional para ações de vacinação, coisa que o Ministério da Saúde não faz há anos. A ideia é concentrar esforços onde há maior número de não vacinados. Ali é onde precisamos ser mais intensos em ações”, acrescentou.
Clóvis Constantino, em complemento, disse que as vacinas contra a Covid-19 também fazem parte dessa estratégia. “Aqui na SBP temos um norte que coloca ritmo às nossas ações: crianças e adolescentes são prioridade. Somos voltados ao ensino e à pesquisa. Educação e saúde precisam caminhar juntas. Educação é saúde”, defendeu.
Em relação aos imunizantes contra a pólio, a indicação da CTAI foi para que o Brasil passe a adotar exclusivamente a Vacina Inativada Poliomielite (VIP) no reforço aos 15 meses de idade, que atualmente é feito com a forma oral do imunizante. A VIP (forma injetável) já é aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida, conforme o Calendário Nacional de Vacinação. Portanto, após um período de transição que começa no primeiro semestre de 2024, as crianças brasileiras que completarem as três primeiras doses da vacina, irão tomar apenas um reforço com a VIP (injetável) aos 15 meses.
A dose de reforço aplicada atualmente aos 4 anos não será mais necessária, já que o esquema vacinal com quatro doses garantirá a proteção contra a pólio. A atualização considerou os critérios epidemiológicos, as evidências relacionadas à vacina e as recomendações internacionais sobre o tema.