É esperado que crianças e adolescentes apresentem, em seu ciclo de desenvolvimento normal, comportamentos como desobediência e hostilidade como reações às adversidades e conflitos vivenciados, especialmente de forma isolada ou mesmo esporádica.
No entanto, uma vez que se observe um padrão constante de comportamento opositor e desobediente, pode-se caracterizar o transtorno opositivo-desafiador.
Por isso, é tão necessário conhecer a origem e o quadro clínico para o tratamento correto feito pelos pais com uma equipe multidisciplinar.
O transtorno tem prevalência estimada em 3,3%, acometendo mais frequentemente meninos. Tem baixa probabilidade de se iniciar depois do início da adolescência, manifestando-se em geral antes dos 8 anos de idade. Os fatores relacionados à sua gênese incluem temperamento com pobre tolerabilidade às frustrações e cuidados familiares inconsistentes ou negligentes.
Quadro clínico:
As condutas de jovens com transtorno opositivo-desafiador podem ser de ordem emocional (raiva/humor irritável) e/ou comportamental (comportamento desafiador/argumentativo e comportamento vingativo).
O quadro caracteriza-se por um padrão de atitudes negativistas e desafiadoras direcionadas às pessoas que representem papeis de autoridade, emergindo frequentemente no contexto doméstico e estendendo-se a outras situações.A criança pode não responder a pedidos, verbalizar negativamente ou resistir fisicamente, junto à desobediência. Pode ser mais rejeitada por colegas e ainda ter maiores índices de recusa escolar.
É importante ressaltar que no diagnóstico, não se incluem agressão a pessoas ou animais, destruição de propriedades ou um padrão de furto ou defraudação no conjunto de sintomas, os quais podem vir ainda associado a tentativa de suicídio.
O transtorno opositivo-desafiador é identificado em indivíduos que apresentem com frequência, por um período mínimo de 6 meses, ao menos 4 dos 8 seguintes comportamentos:
1) Perda da calma;
2) Demonstração de suscetibilidade ou irritabilidade com facilidade;
3) Raiva e ressentimento constantes;
4) Discussões com adultos (crianças e adolescentes) ou figuras de autoridade;
5) Desacato e recusa ativa a obedecer às solicitações de figuras de autoridade ou normas;
6) Adoção deliberada de comportamento para incomodar pessoas;
7) Responsabilização de outros por seus erros ou mau comportamento;
8) Atitudes vingativas e rancorosas;
O tratamento
Em virtude dos múltiplos fatores envolvidos, o tratamento apresenta melhores respostas quando envolve a atuação combinada e integrada de profissionais da área da psiquiatria, psicologia, pedagogia, serviço social, terapia ocupacional etc.
O plano terapêutico deve ser adequado à condição clínica específica de cada paciente, envolvendo: abordagem psicoeducativa, treinos de habilidades interpessoais, treinamento de habilidades parentais e orientação escolar.